A rivalidade da dupla Gre-Nal não se limita às quatro linhas do campo de futebol. São inúmeras as discussões e comparações realizadas pelos torcedores de cada time, com a tentativa clara de colocar o seu em destaque. "No nosso folclore aqui sempre há a tentativa de desmerecer a vitória do outro", afirma o colunista David Coimbra. Grande exemplo desse fato remete à maior conquista de cada time: o Mundial Interclubes.
Em 1983, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense sagrou-se campeão do mundo ao derrotar a equipe alemã do Hamburgo, em Tóquio. Nas palavras do gremista fanático Paulo Sant' Ana, o tricolor foi "o primeiro de todos os reis". O jogo, que no tempo regulamentar acabou empatado em 1 a 1, foi decido na prorrogação. O craque Renato Portaluppi foi decisivo ao marcar os dois gols do Grêmio.
O período de 23 anos de espera do Sport Clube Internacional, até conseguir vencer o Mundial e se "igualar" ao Grêmio, foi longo e motivo de "flauta" por parte dos adversários. Os gremistas se vangloriavam por terem sido os únicos a conquistar o mundo. Entretanto, no dia 17 de dezembro de 2006, o Internacional chegou lá. Desacreditado, o colorado superou a forte equipe do Barcelona - que contava com os craques Ronaldinho, Deco, Xavi e Puyol - com um gol do questionado Adriano Gabiru, que saiu do banco de reservas para marcar aos 36 minutos do segundo tempo.
Com a vitória do Internacional, ao invés de terminar a discussão em torno dos títulos mundiais, surgiu uma nova. Dessa vez, quanto à legitimidade do título de cada um. Quando o Grêmio conquistou o título, participavam apenas o campeão da CONMEBOL (América do Sul) e o da UEFA (Europa). O torneio também não era, ainda, organizado pela FIFA. Seu nome oficial era Copa Europeia/Sul Americana Toyota e o nome popular era Mundial Interclubes. Já quando o Internacional foi campeão, o título não era disputado apenas por duas equipes, tendo participado os campeões de todos os continentes. Mudou a nomenclatura do campeonato, que passou a ser chamado de Mundial de Clubes FIFA.
Se há essa comparação, essa discussão, o Memórias Esportivas indaga: existe diferença na validade das conquistas de cada equipe?
"Não tinha a CONCACAF nem a Oceania, continua não tendo".
Zé Alberto Andrade acredita na validade dos dois títulos mundiais e explica o seu ponto vista. Menciona outros campeonatos futebolísticos em que esse tipo de comparação é feito e traz um exemplo de outro esporte, o boxe.
Mário Marcos de Souza explica a mudança da organização do Mundial de Clubes. Argumenta sobre a validade dos títulos mundiais anteriores à organização, não somente o do Grêmio. Fala também da dificuldade de comparar qual o time era melhor, entre o Grêmio de 1983 e 0 Inter de 2006. Confira em áudio no Memórias Esportivas.
Ninguém melhor do que Haroldo de Souza para relembrar alguns dos momentos mais inesquecíveis da trajetória do Grêmio em 1983. O jornalista acompanhou toda caminhada do tricolor, desde a Libertadores até a consagração no Mundial, passando pela Batalha de La Plata e pelos bastidores da decisão em Tóquio:
Saiba tudo que rolou por trás da transmissão aqui, no Memórias Esportivas:
A goleada de 4 x 0 aplicada pelo Barcelona no América do México nas semifinais do Mundial provocou um pavor tão grande na imprensa, nos torcedores do Internacional e nos próprios jogadores colorados, que ninguém jamais imaginaria que o Inter fosse capaz de vencê-los na decisão.
Confira na entrevista com Zé Alberto Andrade, a importância tática do capitão Fernandão na conquista do título inédito:
Haroldo de Souza afirma que o mundial de 2006 foi organizado em função do Barcelona e do Ronaldinho. Toda a publicidade japonesa girava em torno deles.
Mistério. Essa é a palavra que adjetiva o que ocorreu nos bastidores da final da Copa do Mundo da França, em 1998. O jogo entre Brasil e França acabou com uma goleada de 3 a 0 para os donos da casa e adiou o sonho brasileiro do pentacampeonato mundial por quatro anos.
O melhor atacante do mundo à época, o brasileiro Ronaldo, e camisa nove da seleção canarinho foi o núcleo de uma história controversa e polêmica, sem explicação até os dias de hoje. O que se sabe é que, às vésperas da partida final, ele sofreu uma convulsão e teve que ser levado ao hospital às pressas. Logo, ele seria cortado do jogo e quem naturalmente o substituiria seria Edmundo. A preleção divulgada pelo técnico Zagallo confirmava isso. Entretanto, Ronaldo entrou em campo com seleção e Edmundo ficou no banco.
Os brasileiros não jogaram futebol naquele dia 12 de julho, antevéspera da comemoração da Queda da Bastilha - data cívica importantíssima para o povo francês. Estavam desconcentrados e foram facilmente batidos, o que causa estranhamento, porque na semifinal contra a Holanda - uma das partidas mais eletrizantes da história das Copas do Mundo - jogaram com raça e se classificaram nos pênaltis graças ao desempenho espetacular do goleiro Taffarel.
Com base nesses dados, a equipe do Memórias Esportivas traz a seguinte indagação: teria ocorrido alguma espécie de armação para que os franceses obtivessem seu primeiro título mundial, justamente quando a Copa foi realizada em seu país?
"Aquela história não foi bem contada"
Haroldo de Souzadesconfia da veracidade do que foi revelado sobre os bastidores da final de 1998. Ele também aponta a grande importância da proximidade das comemorações daQueda da Bastilhapara o clima do jogo.
"O que o Roberto Carlos sabe sobre a Queda da Bastilha?"
ParaPedro Ernesto Denardinnão existe qualquer possibilidade de se armar um resultado em Copa do Mundo. Ele se utiliza de um exemplo muito conhecido pelos brasileiros para explicar sua opinião: o fatídico jogo entreArgentina e Peru na Copa de 1978,no qual os hermanos, que jogavam em casa e acabariam sendo campeões naquele ano, conseguiram golear os peruanos. O placar obtido pelos argentinos,6 a 0, era vital para a sua classificação para a final e mortal para a seleção brasileira. Com esse resultado, oBrasilfoi desclassificado e acabou chegando ao terceiro lugar na competição, invicto.
Zé Alberto Andradeacredita que o técnicoZagalloerrou ao optar porRonaldopara o jogo. Para ele, todo o ocorrido nosbastidorestambém foi decisivo para a vitória daFrança.
Desde sua fundação em 1904, a FIFA (Fédération Internationale de Football Association) já previa nos seus estatutos a realização de um campeonato mundial. A idéia, contudo, só foi posta em prática em 1928 graças aos esforços do ex-presidente francês Jules Rimet. Desde que assumiu o comando da FIFA, Rimet sonhava com uma competição independente dos Jogos Olímpicos. E foi durante as Olimpíadas de Amsterdã, em 1928 que o comitê executivo da FIFA decidiu retirar o artigo 9° do papel e organizar um campeonato a cada quatro anos que caísse nos anos pares entre as Olimpíadas. A data da primeira competição: 1930. Restava definir o local.
O histórico das sedes:
Mal havia se recuperado dos estragos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Europa mergulhou em uma nova crise provocada pelo Crash da Bolsa de NY, em 1929. Nesse contexto, Hungria, Espanha, Suécia, Itália e Holanda, desistiram de suas candidaturas. Atual bi-campeão olímpico, o Uruguai também tinha interesse em sediar o evento. À margem da crise com sua fortalecida economia baseada na exportação de carne e lã, os cisplatinos fizeram uma oferta que agradou os dirigentes da FIFA. Estavam dispostos a bancar desde os pequenos custos até as despesas com viagem e alimentação de todos os participantes. E para completar, outro argumento levado em conta foi os cem anos da independência uruguaia, comemorados com a construção do Estádio Centenário, que abrigaria os jogos da Copa.
Entusiasmado pela idéia de aumentar sua popularidade, o ditador Benito Mussolini não mediu esforços para trazer à Itália a segunda Copa do Mundo. O ideologia fascista também sairia prestigiada caso a Squadra Azzurra conquistasse o título inédito. Através de ameaças e subornos, o Duce arrancou a confirmação da FIFA. Em protesto ao boicote europeu a Copa de 30, os atuais campeões uruguaios se negaram a participar.
Inspirada em Mussolini, a Alemanha Nazista enxergava a Copa de 38 como um veículo de propaganda às suas ideologias. Sua maior concorrente, a Argentina queria trazer a competição de volta à América - dessa vez na sua casa. O interesse comercial proporcionado pelo sucesso de público impediu o rodízio de continentes, culminando na decisão da FIFA em manter a Copa do Mundo na Europa. Sob ameaça de uma nova guerra devido aos avanços políticos dos regimes totalitaristas, dois delegados franceses induziram seus companheiros a eleger a França como sede, alegando ser uma homenagem ao compatriota Jules Rimet. Ao final da competição a Itália sagrou-se bicampeã mundial.
Um ano depois do mundo ser atropelado pela Segunda Guerra Mundial, a FIFA voltou a se reunir para planejar a retomada da competição. O único país que estava disposto a organizar o evento e manteve a oferta foi o Brasil, já que a Alemanha estava arrasada. A antiga CBD, Confederação Brasileira de Desportos construiu o até então maior estádio do mundo. O que ninguém esperava é que o Maracanã serviria de palco para a maior tragédia brasileira no futebol. Na véspera da final o excesso de otimismo contaminou os próprios jogadores, que precisavam só de um empate para conquistar a taça Jules Rimet. A euforia deu lugar ao silêncio quando os uruguaios empataram o jogo no segundo tempo. E, aos 34 minutos, Ghiggia consumaria a vitória da celeste olímpica com um chute cruzado. Durante 50 anos e até o final da sua vida, o goleiro Barbosa foi culpado pela amarga derrota que emudeceu o Maracanã.
(Foto: divulgação)
Em tempos de Guerra Fria, nada melhor do que uma nação neutra para receber a quinta Copa do Mundo. A fim de apagar o vexame em 1950, o Brasil embarcou à Suiça com uma cor diferente no uniforme. O azul dava lugar ao amarelo e verde. Surgia a seleção canarinho. A favorita seleção húngara se rendia na final à Alemanha Ocidental, que se reerguia sob os efeitos da Segunda Guerra.
A seleção brasileira nunca foi apenas um time qualquer, mas, antes de julho de 1958, não havia atingido a glória em uma competição mundial. Ainda atormentado pelo fracasso retumbante de 1950, o Brasil começou a Copa completamente desacreditado. Ninguém sequer sonhava em ver o futebol brasileiro na final.
Entretanto, o que se viu foi um espetáculo atrás do outro. O time era perfeito e contava com craques como Gilmar, Djalma Santos, Nilton Santos, Zito, Didi, Vava e Zagalo. Foi quando surgiu Edison Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos. Na época um garoto com apenas 17 anos, encantou o mundo com suas jogadas espetaculares, eternizadas na câmeras da primeira copa televisionada.
A final contra a Suécia foi eletrizante. Os suecos jogavam de amarelo, então a seleção teve que vestir a camiseta reserva. A delegação esportiva optou pela cor azul, em homenagem ao manto da Nossa Senhora de Aparecida. Sob as bençãos da padroeira do Brasil, o time brasileiro sagrou-se campeão no dia 29 de junho, vencendo os donos da casa de virada por 5 a 2. Depois de 28 anos, finalmente a taça era erguida por um brasileiro, o passo inicial para tornar o Brasil o país do futebol.
Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar;
Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo.
Dois anos antes da Copa de 62, o Chile foi atingido pelo maior terremoto do século XX. O país estava arrasado, um terço da população ficou desabrigado. O desafio de realizar a competição mundial era o que os chilenos precisavam para esquecer a tragédia. A Copa seria realmente inesquecível, pelo menos para os brasileiros, que levantariam a taça Jules Rimet pela segunda vez. A final foi contra a Tchecoslováquia, "aquele São Critóvão cheio de Paulo Amaral", como definiu o craque Garrincha. O placar terminou em 3 a 1. O país consolidava-se cada vez mais como uma potência do futebol mundial.
A consagração
Um verdadeiro massacre. Assim pode ser definido o tri-campeonato da seleção brasileira em 1970 no México. Com Pelé, Torres, Gérson, Jairzinho, Tostão e Rivelino o Brasil venceu os seis jogos disputados, consagrando-se campeão inquestionável. A exemplo de 2002, o Brasil entrou desacreditado na competição, mas a estrela do técnico Zagallo brilhou, transformando craques ofensivos em guerreiros dentro de campo.
A final da Copa do Mundo traduziu o desempenho da equipe no campeonato. Com uma goleada de 4 a 1 na Itália, com gols de Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto a seleção conquistou o planeta.
Confira a entrevista do locutor Haroldo de Souza em sua primeira transmissão radiofonica em Copas do Mundo:
Apesar de a Seleção Brasileira ter sucumbido diante da Itália de Paolo Rossi na Copa de 1982, na partida que decidia uma vaga para a semifinal, esse time é considerado um dos melhores da história. Jogavam ali grandes nomes do futebol, como Zico, Sócrates, Júnior, Falcão, Paulo Isidoro, Serginho Chulapa e Roberto Dinamite.
Outro time, o do tetracampeonato de 1994 nos Estados Unidos - de Dunga, Romário e Bebeto - é tido como um time de qualidade razoável, visto que não jogava o chamado "futebol-arte". Existe até mesmo uma concepção de que a seleção de 1982 foi melhor do que a de 1994, mesmo que não tenha sido campeã.
Entretanto essa visão não é unânime, e alimenta uma certa polêmica, como será apresentado a seguir:
"É claro que a Seleção de 1982 foi melhor."
O jornalista David Coimbra compara as duas seleções e explica porque o futebol é decidido em um detalhe. Ele cita que essa discussão ocorreu no Painel RBS feito com Dunga. Também critica as mudanças de opinião repentinas , ocasionadas por resultados inesperados obtidos pela Seleção Brasileira.
"A seleção de 1982 foi a melhor de todos os tempos"
Haroldo de Souza defende o futebol-arte e acredita que isso é muito marcante no esporte. E julga que naquela competição, o Brasil foi eliminado adiantadamente.
O blog Memórias Esportivas realizará nas próximas duas edições um especial de Copa do Mundo, o maior evento futebolístico do planeta. Com base nos depoimentos de jornalistas, na primeira parte, você descobrirá detalhes sobre o relacionamento entre a imprensa e os jogadores, e dentro dela. Entenda como é feita a preparação da equipe de comunicação, as diferenças entre as funções de cobertura de cada jornalista e as opiniões contraditórias sobre o futuro do radiojornalismo esportivo na voz de Haroldo de Souza e de Pedro Ernesto Denardin. Isso e muito mais, só aqui no Memórias Esportivas!
O estrelismo dos atletas e a procura desenfreada pela informação inédita reflete no jornalismo esportivo atual. A dificuldade de acesso aos jogadores é mais intensa do que antigamente. Confira o depoimento de grandes jornalistas e locutores esportivos sobre o tema:
"Uma vez o acesso aos jogadores era muito mais facilitado. Conversava-se com o técnico e com os jogadores passeando pela concentração. Eles só viviam no Brasil e o contato era mais direto. Hoje não se tem mais esse convívio. Existe muito assédio. Hoje eles são estrelas, astros internacionais!" (David Coimbra)
"Até 1982 não existia tanta frescura na seleção. Ficávamos no mesmo hotel da delegação e tínhamos contato diário com os jogadores. Hoje não é mais assim. Eu, que nunca fui de bajular homem, não fico correndo atrás de jogador, até porque meu negócio é a narração. Porém, no aspecto da reportagem, existe essa dificuldade porque os jogadores só falam com hora marcada". (Haroldo de Souza)
"Em 1986, fiz uma entrevista com o Maradona de vinte minutos sozinho. Hoje, uma entrevista com o Ronaldo tem 200 repórteres e aí só se consegue ser apenas mais um, ou seja, aquela intimidade com o jogador está completamente perdida. Isso é o que mudou. Com mais veículos e mais jornalistas, o repórter tem mais dificuldade de acesso. Ninguém tem mais a notícia exclusiva. Isso terminou". (Pedro Ernesto Denardin)
"À medida que os clubes brasileiros adotam o sistema de entrevista dos europeus dificulta-se o contato com os jogadores. A seleção brasileira ainda é uma das mais abertas, aonde é possível ter acesso. Já num Real Madrid, por exemplo, não é permitido o contato com os jogadores, que podem ficar um mês sem falar. Ou mais". (Zé Alberto Andrade)
Existem muitos fatores por trás de uma cobertura de Copa do Mundo. Parece, para quem assiste aos jogos na televisão ou para quem acompanha pelas ondas do rádio, que é tudo bastante simples de se fazer, em vista das tecnologias à disposição nos dias de hoje. Os bastidores, que raramente são divulgados ao público, possuem vários fatos e peculiaridades bastante interessantes. Agora, alguns deles serão retratados aqui no Memórias esportivas.
Relacionamento entre os membros da imprensa e o ritmo de trabalho
David Coimbra explica como os jornalistas de diferentes empresas se relacionam em uma cobertura feita em países de diferentes culturas e distantes do Brasil.
Pedro Ernesto Denardin declara de que forma ele encara uma cobertura de Copa do Mundo, e de que forma reage aos resultados da Seleção Brasileira, enquanto narrador.
A preparação da equipe para cobrir uma Copa do Mundo
Zé Alberto Andrade conta como a equipe da RBS se preparou para cobrir a Copa de 2002. Ele explica o que há de semelhante na cobertura de qualquer jogo e o que há de peculiar.
A diferença entre o trabalho de um narrador e de um repórter de campo
Quem viveu na pele as duas principais funções de uma cobertura esportiva, narrador e repórter, explica as diferenças do trabalho de ambas. Confira o relato de Pedro Ernesto Denardin.
Com o surgimento de novas mídias, será que o Radiojornalismo Esportivo irá morrer ou seguirá a evolução constante dos meios? Acompanhe as opiniões dos dois principais locutores esportivos do Rio Grande do Sul, Haroldo de Souza e Pedro Ernesto Denardin, que possuem na bagagem a cobertura de diversas copas do mundo e muitas observações polêmicas...
Você já deve ter conhecido alguém que assiste o jogo de futebol na televisão, ouve no rádio a transmissão e busca alguma informação específica na internet. Esses exemplos descaracterizam o conceito de que o advento de uma nova tecnologia de informação elimina as já existentes. Os avanços tecnológicos geram a convergência das mídias, ou seja, a sociedade vai adquirindo novos hábitos em seu cotidiano. Os novos meios de comunicação dão mais opções na procura da informação e do entretenimento, modificando o consumo individual das pessoas. Se a sociedade muda, os meios de comunicação também, gerando uma readaptação de mídia. Este processo é observado na invenção do rádio, quando já existia o jornal impresso, na criação da televisão descentralizando a era radiofônica e no advento da internet unificando todos os meios.
É claro que o surgimento de novos meios de comunicação (Internet e televisão) provocam mudanças consideráveis, mas há quem defenda a ideia que essa evolução irá enfraquecer os antigos meios (impresso e rádio) ao longo dos anos até o desaparecimento natural. Definir quando o rádio e o jornal irão acabar ainda é cedo, mas constatar uma crise no radiojornalismo esportivo é viável. O atual vereador de Porto Alegre e locutor esportivo da Rádio Guaíba Haroldo de Souza observa que as novas tecnologias inseridas dentro do rádio e o surgimento dos outros meios causarão a morte do jornalismo esportivo. Mas, será que é possível acabar com a programação que mais gera audiência dentro do veículo? Para Haroldo de Souza isso já acontece lentamente, e sua experiência demonstra essa triste realidade. Haroldo compara nesta entrevista a diferença entre as coberturas antigas e as atuais, revelando que a evolução tecnológica acabou com a identidade radiofônica tanto no aspecto técnico da voz, da organização editorial, quanto do aspecto de liberdade do repórter. Segundo o locutor hoje as coberturas são fantasiosas, pois com a modernização dos aparatos técnicos e a criação da narração via "tubo", é possível dar a mesma informação estando no estúdio da rádio ao invés de estar no estádio, iludindo o ouvinte com a expectativa de um novo furo de reportagem. Além disso, Haroldo aponta que os meios evoluíram mas os homens que fazem futebol regrediram, pois antes na época em que o rádio era bom o repórter poderia usar sua criatividade na pauta e nas entrevistas com os jogadores, hoje os jogadores são blindados e escolhidos pela CBF. Confira as entrevistas em áudio com a voz marcante de Haroldo de Souza:
Não podemos esquecer o contexto histórico do ápice radiofônico, pois hoje os jornalistas cobrem para a tv, internet, impresso e rádio. E não se deve esquecer que vivemos em um país que ainda possui um alto índice de analfabetismo, onde o rádio assume um importante papel para quem não sabe ler nem escrever.
Já o locutor esportivo da Rádio Gaúcha Pedro Ernesto Denardin, enxerga a mudança no rádio sob outro ponto de vista. Para ele, a diminuição das rádios e dos repórteres esportivos em eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas não representam uma morte anunciada das rádios, e sim uma resposta natural da adaptação dos novos meios de comunicação. Denardin considera o rádio um veículo individual que acompanha a atividade das pessoas no mesmo espaço temporal em diversas situações, como nas viagens em que as famílias escutam o jogo, quando estão todos olhando um programa de televisão e o indivíduo busca seu espaço sem perder as imagens televisivas, ou seja, é um meio diferente onde o ouvinte não precisa parar o que está fazendo. Em oposição a Haroldo, Denardin possui uma visão mais analítica da evolução tecnológica dos meios de comunicação, pelo fato de conseguir ver uma reformulação dos meios, em que o jornal está deixando de ser puramente noticioso passando a ser interpretativo, juntamente com a revista, e a internet está exercendo o papel de notícia imediata – proposto com o surgimento do rádio. Com isso, Pedro Ernesto Denardin reforça que não haverá morte no radiojornalismo esportivo, pois os meios se completam e não há como arrancar a cultura das pessoas em ler o jornal impresso, ouvir a rádio, assistir a televisão e escolher seu conteúdo na internet, sendo que os números mostram que ao menos no Estado do Rio Grande do Sul cada vez as pessoas leem mais jornal, ouvem mais rádio e acessam mais a internet. Confira agora a entrevista em áudio:
Mas afinal, o jornalismo esportivo repete pautas de diferentes maneiras pelo grande número de mídias – cada uma exercendo sua função, seja multimídia ou interpretativa, ou essa repetição é uma cobertura fantasiosa exercida pelas tecnologias de informação?
O Brasil é o único país cuja Seleção participou em todas as Copas do Mundo. Por isso, sempre se espera do time canarinho um bom desempenho em campo. As coberturas nacionais da copa giram em torno dos jogos da seleção. Espera-se da competição um evento muito disputado e repleto de emoções. O jornalista da Rádio Gaúcha José Alberto Andrade conta sobre como a imprensa se organiza para cobrir uma Copa e como lida com essa expectativa frente à seleção brasileira. Detalha também a existência de um "plano B" diante o comportamento do público brasileiro em consequência dos resultados da Seleção. Tudo isso em áudio aqui, no Memórias Esportivas.
Definitivamente, o maior evento do esporte mundial. Os países parecem esquecer suas diferenças para confraternizarem-se numa grande festa onde a única rivalidade está no esporte. Participar dos Jogos Olímpicos não é uma honra somente aos melhores atletas do planeta, mas também aos melhores jornalistas.Hiltor Mombach é um dos jornalistas mais experientes em coberturas esportivas: foi para quatro copas e cobriu as olimpíadas de Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sidney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008.
David Coimbra e Hiltor Mombach, colunistas e editores de Esportes dos jornais Zero Hora e Correio do Povo, retratam suas opiniões sobre a ditadura chinesa, vivenciada por eles durante a Olimpíada de Pequim. Por trás da disciplina invejável com a qual os jogos de Beijing 2008 foram organizados, havia um clima de auto-censura dentro da sociedade e da Vila Olímpica.
Júlio Cordeiro, editor de fotografia do jornal Zero Hora, foi o único fotógrafo gaúcho que participou da cobertura dos Jogos Olímpicos de Atenas 2004. Em entrevista à equipe do blog Memórias Esportivas, Júlio revela o motivo pelo qual prefere cobrir uma Olimpíada a uma Copa do Mundo, detalhando suas experiências no país berço da civilização ocidental.
Daniel Marcilio, Fernando Lopes, Maurício K. Tomedi e Voltaire Santos, a partir de agora, dão origem ao blog que reunirá documentos que rememorarão a cobertura jornalística de alguns dos grandes acontecimentos que marcaram a história recente do esporte no Rio Grande do Sul.
Acompanhe as reportagens e embarque nesta viagem pelo tempo.