15/05/2009

Radiojornalismo Esportivo: Um caminho para a evolução ou uma morte anunciada?


Com o surgimento de novas mídias, será que o Radiojornalismo Esportivo irá morrer ou seguirá a evolução constante dos meios? Acompanhe as opiniões dos dois principais locutores esportivos do Rio Grande do Sul, Haroldo de Souza e Pedro Ernesto Denardin, que possuem na bagagem a cobertura de diversas copas do mundo e muitas observações polêmicas...

Você já deve ter conhecido alguém que assiste o jogo de futebol na televisão, ouve no rádio a transmissão e busca alguma informação específica na internet. Esses exemplos descaracterizam o conceito de que o advento de uma nova tecnologia de informação elimina as já existentes. Os avanços tecnológicos geram a convergência das mídias, ou seja, a sociedade vai adquirindo novos hábitos em seu cotidiano. Os novos meios de comunicação dão mais opções na procura da informação e do entretenimento, modificando o consumo individual das pessoas. Se a sociedade muda, os meios de comunicação também, gerando uma readaptação de mídia. Este processo é observado na invenção do rádio, quando já existia o jornal impresso, na criação da televisão descentralizando a era radiofônica e no advento da internet unificando todos os meios.

É claro que o surgimento de novos meios de comunicação (Internet e televisão) provocam mudanças consideráveis, mas há quem defenda a ideia que essa evolução irá enfraquecer os antigos meios (impresso e rádio) ao longo dos anos até o desaparecimento natural. Definir quando o rádio e o jornal irão acabar ainda é cedo, mas constatar uma crise no radiojornalismo esportivo é viável. O atual vereador de Porto Alegre e locutor esportivo da Rádio Guaíba Haroldo de Souza observa que as novas tecnologias inseridas dentro do rádio e o surgimento dos outros meios causarão a morte do jornalismo esportivo. Mas, será que é possível acabar com a programação que mais gera audiência dentro do veículo? Para Haroldo de Souza isso já acontece lentamente, e sua experiência demonstra essa triste realidade. Haroldo compara nesta entrevista a diferença entre as coberturas antigas e as atuais, revelando que a evolução tecnológica acabou com a identidade radiofônica tanto no aspecto técnico da voz, da organização editorial, quanto do aspecto de liberdade do repórter. Segundo o locutor hoje as coberturas são fantasiosas, pois com a modernização dos aparatos técnicos e a criação da narração via "tubo", é possível dar a mesma informação estando no estúdio da rádio ao invés de estar no estádio, iludindo o ouvinte com a expectativa de um novo furo de reportagem. Além disso, Haroldo aponta que os meios evoluíram mas os homens que fazem futebol regrediram, pois antes na época em que o rádio era bom o repórter poderia usar sua criatividade na pauta e nas entrevistas com os jogadores, hoje os jogadores são blindados e escolhidos pela CBF. Confira as entrevistas em áudio com a voz marcante de Haroldo de Souza:



Memórias esportivas - Haroldo acredita que o rádio esportivo vai morrer




Memórias esportivas - Cobertura esportiva "fantasiosa"




Não podemos esquecer o contexto histórico do ápice radiofônico, pois hoje os jornalistas cobrem para a tv, internet, impresso e rádio. E não se deve esquecer que vivemos em um país que ainda possui um alto índice de analfabetismo, onde o rádio assume um importante papel para quem não sabe ler nem escrever.


Já o locutor esportivo da Rádio Gaúcha Pedro Ernesto Denardin, enxerga a mudança no rádio sob outro ponto de vista. Para ele, a diminuição das rádios e dos repórteres esportivos em eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas não representam uma morte anunciada das rádios, e sim uma resposta natural da adaptação dos novos meios de comunicação. Denardin considera o rádio um veículo individual que acompanha a atividade das pessoas no mesmo espaço temporal em diversas situações, como nas viagens em que as famílias escutam o jogo, quando estão todos olhando um programa de televisão e o indivíduo busca seu espaço sem perder as imagens televisivas, ou seja, é um meio diferente onde o ouvinte não precisa parar o que está fazendo. Em oposição a Haroldo, Denardin possui uma visão mais analítica da evolução tecnológica dos meios de comunicação, pelo fato de conseguir ver uma reformulação dos meios, em que o jornal está deixando de ser puramente noticioso passando a ser interpretativo, juntamente com a revista, e a internet está exercendo o papel de notícia imediata – proposto com o surgimento do rádio. Com isso, Pedro Ernesto Denardin reforça que não haverá morte no radiojornalismo esportivo, pois os meios se completam e não há como arrancar a cultura das pessoas em ler o jornal impresso, ouvir a rádio, assistir a televisão e escolher seu conteúdo na internet, sendo que os números mostram que ao menos no Estado do Rio Grande do Sul cada vez as pessoas leem mais jornal, ouvem mais rádio e acessam mais a internet. Confira agora a entrevista em áudio:



Memórias esportivas - Denardin não acredita na morte do rádio

Mas afinal, o jornalismo esportivo repete pautas de diferentes maneiras pelo grande número de mídias – cada uma exercendo sua função, seja multimídia ou interpretativa, ou essa repetição é uma cobertura fantasiosa exercida pelas tecnologias de informação?


2 comentários:

  1. Muito bacana a sua entrevista meu velho, pior que o Haroldo está muito certo. O radio esportivo está mudado mesmo, mas acima de tudo o futebol que mudou muito, tudo é marca é que manda... Até a quem decide que joga é a Myke, e isso é triste para quem gosta de ver um bom jogo... Um forte abraço...

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  2. Olá! Não consegui acessar as entrevistas. O link não existe mais. Como faço para escutá-las? Abraço

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