26/06/2009

Quantos campeões mundiais existem no Rio Grande do Sul?


A rivalidade da dupla Gre-Nal não se limita às quatro linhas do campo de futebol. São inúmeras as discussões e comparações realizadas pelos torcedores de cada time, com a tentativa clara de colocar o seu em destaque. "No nosso folclore aqui sempre há a tentativa de desmerecer a vitória do outro", afirma o colunista David Coimbra. Grande exemplo desse fato remete à maior conquista de cada time: o Mundial Interclubes.

Em 1983, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense sagrou-se campeão do mundo ao derrotar a equipe alemã do Hamburgo, em Tóquio. Nas palavras do gremista fanático Paulo Sant' Ana, o tricolor foi "o primeiro de todos os reis". O jogo, que no tempo regulamentar acabou empatado em 1 a 1, foi decido na prorrogação. O craque Renato Portaluppi foi decisivo ao marcar os dois gols do Grêmio.

O período de 23 anos de espera do Sport Clube Internacional, até conseguir vencer o Mundial e se "igualar" ao Grêmio, foi longo e motivo de "flauta" por parte dos adversários. Os gremistas se vangloriavam por terem sido os únicos a conquistar o mundo. Entretanto, no dia 17 de dezembro de 2006, o Internacional chegou lá. Desacreditado, o colorado superou a forte equipe do Barcelona - que contava com os craques Ronaldinho, Deco, Xavi e Puyol - com um gol do questionado Adriano Gabiru, que saiu do banco de reservas para marcar aos 36 minutos do segundo tempo.

Com a vitória do Internacional, ao invés de terminar a discussão em torno dos títulos mundiais, surgiu uma nova. Dessa vez, quanto à legitimidade do título de cada um. Quando o Grêmio conquistou o título, participavam apenas o campeão da CONMEBOL (América do Sul) e o da UEFA (Europa). O torneio também não era, ainda, organizado pela FIFA. Seu nome oficial era Copa Europeia/Sul Americana Toyota e o nome popular era Mundial Interclubes. Já quando o Internacional foi campeão, o título não era disputado apenas por duas equipes, tendo participado os campeões de todos os continentes. Mudou a nomenclatura do campeonato, que passou a ser chamado de Mundial de Clubes FIFA.

Se há essa comparação, essa discussão, o Memórias Esportivas indaga: existe diferença na validade das conquistas de cada equipe?


"Não tinha a CONCACAF nem a Oceania, continua não tendo".

Zé Alberto Andrade acredita na validade dos dois títulos mundiais e explica o seu ponto vista. Menciona outros campeonatos futebolísticos em que esse tipo de comparação é feito e traz um exemplo de outro esporte, o boxe.


Memórias Esportivas - Zé Alberto: Comparação da validade dos títulos mundiais



"Eu acho que vale a mesma coisa"


Mário Marcos de Souza explica a mudança da organização do Mundial de Clubes. Argumenta sobre a validade dos títulos mundiais anteriores à organização, não somente o do Grêmio. Fala também da dificuldade de comparar qual o time era melhor, entre o Grêmio de 1983 e 0 Inter de 2006. Confira em áudio no Memórias Esportivas.

Memórias Esportivas - Mário Marcos de Souza: "vale a mesma coisa"

Com o Grêmio, onde ele estiver

Ninguém melhor do que Haroldo de Souza para relembrar alguns dos momentos mais inesquecíveis da trajetória do Grêmio em 1983. O jornalista acompanhou toda caminhada do tricolor, desde a Libertadores até a consagração no Mundial, passando pela Batalha de La Plata e pelos bastidores da decisão em Tóquio


Saiba tudo que rolou por trás da transmissão aqui, no Memórias Esportivas:



La Plata: "Foi uma jornada terrível":


Memórias Esportivas - Haroldo de Souza fala sobre a batalha de la plata em 1983



Os segredos da véspera da final em Tóquio:


Memórias Esportivas - Haroldo e o Grêmio em Tóquio

O mundo se rende ao Inter


A goleada de 4 x 0 aplicada pelo Barcelona no América do México nas semifinais do Mundial provocou um pavor tão grande na imprensa, nos torcedores do Internacional e nos próprios jogadores colorados, que ninguém jamais imaginaria que o Inter fosse capaz de vencê-los na decisão.

Confira na entrevista com Zé Alberto Andrade, a importância tática do capitão Fernandão na conquista do título inédito:

Memórias Esportivas - Zé Alberto fala de momentos importantes do mundial de 2006



"Era nós contra o mundo":

Haroldo de Souza afirma que o mundial de 2006 foi organizado em função do Barcelona e do Ronaldinho. Toda a publicidade japonesa girava em torno deles.

Memórias Esportivas - Haroldo de Souza: "Éramos uma família"

11/06/2009

Armação em 1998?


Mistério. Essa é a palavra que adjetiva o que ocorreu nos bastidores da final da Copa do Mundo da França, em 1998. O jogo entre Brasil e França acabou com uma goleada de 3 a 0 para os donos da casa e adiou o sonho brasileiro do pentacampeonato mundial por quatro anos.

O melhor atacante do mundo à época, o brasileiro Ronaldo, e camisa nove da seleção canarinho foi o núcleo de uma história controversa e polêmica, sem explicação até os dias de hoje. O que se sabe é que, às vésperas da partida final, ele sofreu uma convulsão e teve que ser levado ao hospital às pressas. Logo, ele seria cortado do jogo e quem naturalmente o substituiria seria Edmundo. A preleção divulgada pelo técnico Zagallo confirmava isso. Entretanto, Ronaldo entrou em campo com seleção e Edmundo ficou no banco.

Os brasileiros não jogaram futebol naquele dia 12 de julho, antevéspera da comemoração da Queda da Bastilha - data cívica importantíssima para o povo francês. Estavam desconcentrados e foram facilmente batidos, o que causa estranhamento, porque na semifinal contra a Holanda - uma das partidas mais eletrizantes da história das Copas do Mundo - jogaram com raça e se classificaram nos pênaltis graças ao desempenho espetacular do goleiro Taffarel.

Com base nesses dados, a equipe do Memórias Esportivas traz a seguinte indagação: teria ocorrido alguma espécie de armação para que os franceses obtivessem seu primeiro título mundial, justamente quando a Copa foi realizada em seu país?

"Aquela história não foi bem contada"

Haroldo de Souza desconfia da veracidade do que foi revelado sobre os bastidores da final de 1998. Ele também aponta a grande importância da proximidade das comemorações da Queda da Bastilha para o clima do jogo.

Memórias Esportivas - Possível armação na final da Copa de 1998


"O que o Roberto Carlos sabe sobre a Queda da Bastilha?"

Para Pedro Ernesto Denardin não existe qualquer possibilidade de se armar um resultado em Copa do Mundo. Ele se utiliza de um exemplo muito conhecido pelos brasileiros para explicar sua opinião: o fatídico jogo entre Argentina e Peru na Copa de 1978, no qual os hermanos, que jogavam em casa e acabariam sendo campeões naquele ano, conseguiram golear os peruanos. O placar obtido pelos argentinos, 6 a 0, era vital para a sua classificação para a final e mortal para a seleção brasileira. Com esse resultado, o Brasil foi desclassificado e acabou chegando ao terceiro lugar na competição, invicto.

Memórias Esportivas - Denardin nega armações em Copas do Mundo


"Ronaldo não podia ter jogado"

Zé Alberto Andrade acredita que o técnico Zagallo errou ao optar por Ronaldo para o jogo. Para ele, todo o ocorrido nos bastidores também foi decisivo para a vitória da França.

Memórias esportivas - Zé Alberto acredita em erro de Zagallo


Contraponto: Denardin optaria por Ronaldo

Em uma opinião breve, Denardin acredita que o técnico Zagallo fez certo ao pôr Ronaldo em campo. Confira em áudio aqui, no Memórias Esportivas!

Memórias esportivas - Denardin optaria por Ronaldo



29/05/2009

Do crash ao pós-guerra: a retrospectiva das copas





A ORIGEM DAS COPAS:

Desde sua fundação em 1904, a FIFA (Fédération Internationale de Football Association) já previa nos seus estatutos a realização de um campeonato mundial. A idéia, contudo, só foi posta em prática em 1928 graças aos esforços do ex-presidente francês Jules Rimet. Desde que assumiu o comando da FIFA, Rimet sonhava com uma competição independente dos Jogos Olímpicos. E foi durante as Olimpíadas de Amsterdã, em 1928 que o comitê executivo da FIFA decidiu retirar o artigo 9° do papel e organizar um campeonato a cada quatro anos que caísse nos anos pares entre as Olimpíadas. A data da primeira competição: 1930. Restava definir o local.

O histórico das sedes:

Mal havia se recuperado dos estragos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Europa mergulhou em uma nova crise provocada pelo Crash da Bolsa de NY, em 1929. Nesse contexto, Hungria, Espanha, Suécia, Itália e Holanda, desistiram de suas candidaturas. Atual bi-campeão olímpico, o Uruguai também tinha interesse em sediar o evento. À margem da crise com sua fortalecida economia baseada na exportação de carne e lã, os cisplatinos fizeram uma oferta que agradou os dirigentes da FIFA. Estavam dispostos a bancar desde os pequenos custos até as despesas com viagem e alimentação de todos os participantes. E para completar, outro argumento levado em conta foi os cem anos da independência uruguaia, comemorados com a construção do Estádio Centenário, que abrigaria os jogos da Copa.

Entusiasmado pela idéia de aumentar sua popularidade, o ditador Benito Mussolini não mediu esforços para trazer à Itália a segunda Copa do Mundo. O ideologia fascista também sairia prestigiada caso a Squadra Azzurra conquistasse o título inédito. Através de ameaças e subornos, o Duce arrancou a confirmação da FIFA. Em protesto ao boicote europeu a Copa de 30, os atuais campeões uruguaios se negaram a participar.

Inspirada em Mussolini, a Alemanha Nazista enxergava a Copa de 38 como um veículo de propaganda às suas ideologias. Sua maior concorrente, a Argentina queria trazer a competição de volta à América - dessa vez na sua casa. O interesse comercial proporcionado pelo sucesso de público impediu o rodízio de continentes, culminando na decisão da FIFA em manter a Copa do Mundo na Europa. Sob ameaça de uma nova guerra devido aos avanços políticos dos regimes totalitaristas, dois delegados franceses induziram seus companheiros a eleger a França como sede, alegando ser uma homenagem ao compatriota Jules Rimet. Ao final da competição a Itália sagrou-se bicampeã mundial.

Um ano depois do mundo ser atropelado pela Segunda Guerra Mundial, a FIFA voltou a se reunir para planejar a retomada da competição. O único país que estava disposto a organizar o evento e manteve a oferta foi o Brasil, já que a Alemanha estava arrasada. A antiga CBD, Confederação Brasileira de Desportos construiu o até então maior estádio do mundo. O que ninguém esperava é que o Maracanã serviria de palco para a maior tragédia brasileira no futebol. Na véspera da final o excesso de otimismo contaminou os próprios jogadores, que precisavam só de um empate para conquistar a taça Jules Rimet. A euforia deu lugar ao silêncio quando os uruguaios empataram o jogo no segundo tempo.  E, aos 34 minutos, Ghiggia consumaria a vitória da celeste olímpica com um chute cruzado. Durante 50 anos e até o final da sua vida, o goleiro Barbosa foi culpado pela amarga derrota que emudeceu o Maracanã.

(Foto: divulgação)

Em tempos de Guerra Fria, nada melhor do que uma nação neutra para receber a quinta Copa do Mundo. A fim de apagar o vexame em 1950, o Brasil embarcou à Suiça com uma cor diferente no uniforme. O azul dava lugar ao amarelo e verde. Surgia a seleção canarinho. A favorita seleção húngara se rendia na final à Alemanha Ocidental, que se reerguia sob os efeitos da Segunda Guerra.